quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O DOM DA ALMA

O crescimento espiritual, assim como o físico, nem sempre
acontece suavemente e sem altos e baixos. De tempos em
tempos, podemos nos ver fora de sincronia com partes da
nossa vida. Os adultos que trilham um caminho espiritual
freqüentemente vivenciam montanhas-russas emocionais
que pensavam ter deixado para trás na adolescência. Quando
nos entregamos a uma prática religiosa, por exemplo ou
voltamos a alguma delas abandonada há muito tempo nossa
família pode ficar desorientada. Também podemos não nos
sentir tão seguros quando ao que estamos fazendo. Dizemos
a nós mesmos: "Será que vale a pena? Talvez eu devesse
simplesmente esquecer essa história", ou fingimos uma certeza
que na verdade não sentimos, e saímos por aí pregando para
nossos amigos sobre como nossa nova prática é maravilhosa:

"Você deveria tentar fazer meditação; vai ajudar a consertar
sua vida". Na verdade, o que está sendo despertado em nós
é uma maior compaixão e um relacionamento mais cordial
com o mundo.

Tenha fé de que, à medida que cada questão em sua vida
for trazida à luz de um propósito espiritual, você ficará cada
vez mais em sintonia com sua própria essência divina É.
quase certo que você será chamado a voltar e a rever certas
questões de sua história pessoal, para sintonizar tudo com
um próximo nível. Por exemplo, depois que eu comecei um
novo nível de trabalho espiritual num grupo de estudos de
sonhos, tive uma série deles que eram muito interessantes
porque pareciam sugerir uma jornada espiritual verdadeira.
Então comecei a sonhar com meus pais, com velhos amigos
e com o que me parecia ser questões psicológicas familiares
Minha professora do curso de sonhos me assegurou de que
eu não estava me tornando mais neurótica apenas por reintegrar
minha percepção de meus pais e minha infância numa
nova imagem de mim mesma. Com o tempo, eu Vi o mesmo
processo acontecer com outros sonhadores, e descobri em
minha própria vida que o que ela tinha dito era verdade

Com o tempo, nós chegaremos a um lugar onde não mais
nos sentiremos limitados pelo passado nem ansiosos em relação
a nosso caminho no futuro. Nós nos tornaremos confiantes
- espero que sem arrogância - de que estamos no
caminho da manifestação de nossa alma, sendo quem fomos
criados para ser. Não nos tornaremos gurus de repente nem
desenvolveremos relacionamentos surpreendentemente românticos
com nosso cônjuge. De fato, muitas vezes nos não
passaremos absolutamente por nenhuma mudança externa
óbvia. Como o monge zen, continuaremos rachando lenha
e carregando água. Mas assumimos a responsabilidade de
fazer escolhas conscientes no contexto de um comprometi-
mento total com a vida: hoje, aqui e agora, continuaremos
a polir nossas lamparinas e a fazer que a luz da divindade
brilhe através de nós.
Normalmente, quando desenvolvemos a espiritualidade
recebemos mais escolhas e mais responsabilidades. Isso
acontece com quase todos que começam a demonstrar mais
confiança, fé e coragem no trabalho da alma. É como se os
anjos de Deus estivessem monitorando nosso progresso e
limpando nossa lamparina de seus sedimentos, e, quando
nossa luz começa há brilhar um pouco mais, nos é dada uma
maior área para iluminar. Por isso, à medida que nos aproximamos
de Deus, nos erguemos para uma perspectiva mais
elevada na montanha, por assim dizer. Vemos mais trabalho
a ser feito, e sentimos uma maior responsabilidade por ele.
Esse deslocamento não torna necessariamente nossa vida
mais fácil, mas nosso trabalho se torna mais interessante,
vibrante e recompensador.
Essa é a maneira de trazermos os dons de nossa alma
para a Terra. Ao mesmo tempo não basta desejar isso para
conseguimos diretamente. O segredo supremo do céu é que
o dom de nossa alma não depende de nossa vontade consciente,
mas nos vem à medida que nos entregamos cada vez
mais profundamente na maneira de reagirmos ao que quer
que apareça diante de nós a cada dia. Muitos mestres espirituais
insistem que a obra da vida consiste mais de sairmos do
caminho de Deus do que fazer o que pensamos que precisa
ser feito. O Mestre Eckhart escreveu: "Deus penetra
suas atividades na medida em que você elimina seu ego delas
[ ... ] As pessoas não devem considerar tanto o que fazem
quanto o que são; que sejam bons em seus caminhos, e seus
atos brilharão grandemente".Essa é a meta de uma vida
verdadeiramente humana. Podemos realmente aspirar a nos
tornarmos vasos vazios, recebendo a energia divina de nossa
própria alma e traduzindo-as em realidade terrena. Quando
a lamparina estiver completamente limpa, as cores radiantes
do arco-íris brilharão através dela, e seu eu mais profundo
sentirá sua harmonia com o propósito divino.
Deixemos que nosso espírito modele para nós suas criações.
reconhecemos o anjo, cheio de vida, que está presente no ato do
nascimento, que traz à existência Suas criações. Ele se lança em
nossa direção a partir do grande além, ele se aproxima de nós,
se revela em nossa alma. Ele agora veio.
- RABINO ABRAHAM ISSAC KOOK

EXTRAÍDO DO LIVRO CABALA UMA BREVE INTRODUÇÃO PARA
CRISTÃOS – DRA TAMAR FRANKIEL


VICENTE CHAGAS
SETEMBRO 2010